sábado, 13 de novembro de 2010

Alcachofra recheada







Vamos ao cardápio do dia, alcachofra recheada. Abram um parênteses para alcachofra no singular. É isso mesmo fiz uma só. Mas porque alcachofra? Essa realmente não tem nem a mais remota origem na minha infância. Até onde não estou sendo traída pela minha memória a primeira vez que despertei minha curiosidade sobre esse, digamos assim, vegetal foi há um tempão atrás, quando vi a Isabel do vôlei em uma reportagem na TV falando que ela gostava de ir a feira escolher alcachofras. Depois lembro vagamente de ouvir falar sobre corações de alcachofra.
Bem tenho que explicar esta santa ignorância, minha cidade natal tem em torno de 13 mil habitantes e está localizada no interior de Minas Gerais. Muita coisa perecível que não é produzido na região não chega até lá. Está certo que sai de casa com 14 anos, mas as descobertas além daquele mundinho foram acontecendo ao poucos. 
Sobre os corações de alcachofra cheguei a comprar um vidro de conserva, mas seu aspecto foi tão desencorajador que quando tive que me mudar acabei me desfazendo da aquisição antes mesmo de experimentar. Em outra ocasião uma amiga do trabalho que é paulista me disse que sua mãe fazia alcachofra com vinagrete. Acho que só paulista come alcachofra na infância!
Na minha última ida ao CEASA eu simplesmente olhei uma alcachofra e decidi que seria naquele domingo. Após todo o procedimento de lava e processa as aquisições do dia me sentei na frente do computador e comecei a pesquisar como resolver esta encrenca. Li diversas receitas, as mais escalafobéticas possíveis e haja azeite! Pelo menos uma coisa todas tinham em comum: era preciso quase meio vidro de azeite.  E eu com o meu preferido, um legítimo Esporão Seleção extra virgem, logo entendi porque era chique comer alcachofra!
Acabei não seguindo nenhuma a risca, nem colocando tantos ingredientes nem tanto azeite, resolvi fazer quase um vinagrete, com tomate, cebola e azeitona. Mas aprendi o essencial: que precisava tirar o talo e cozinhar com água pela metade por aproximadamente 40 minutos ou até puxar uma pétala e ela sair na mão. Li alguma coisa sobre tirar os pêlos, mas até aí não tinha entendido nada.
Tarefa cumprida e a alcachofra foi finalmente para a mesa. Foi aí que começamos a nos perguntar: e agora?!!! Meu cunhado paulistano disse que o amiguinho dele puxava as pétalas uma a uma e que na pontinha tinha uma “carninha”. Eu que já achava que era só criancinha paulistana que comia alcachofra agora tinha certeza! Bom, começamos a brincar de bem-me-quer, mal-me-quer com a dita cuja, porém sem muito sucesso no nosso almoço de domingo. Achei um gosto estranho que certamente não me levaria à feira novamente para adquirir esta iguaria.
Quando fui arrumar meu almoço para segunda, lembrei do coração da alcachofra e decidi fazer logo a cirurgia. Tirei as pétalas restantes uma a uma e foi aí que encontrei os tais pelinhos. Terminada a depilação encontrei enfim o coração, com direito a rima e tudo. Piquei bem picadinho e misturei no recheio que fui separando ao despetalar a coitada. O gosto surpreendeu pelo que eu tinha experimentado na véspera, mas até agora tenho dúvidas se um dia ainda vou salivar de vontade de comer alcachofra!


2 comentários:

  1. Fe, adorei a história... eu não sei bem como é a receita do vinagrete de alcachofra, mas vou descobrir com a minha mami e te conto e também posso te assegurar que é uma delícia...

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  2. Oi Paty! Quero sim a receita legitima, quem sabe assim eu tenho mais sucesso da proxima vez!

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