Por alguns dos mais maravilhosos e saudáveis anos da minha vida fui vegetariana, apesar de tantas experiências carnívoras terem povoado a minha existência. Minha relação com a carne sempre foi bipolar alternando momentos de amor com profunda desconfiança. Nesta queda de braço pairam motivos nutricionais, religiosos, filosóficos e até questões de gosto mesmo. Após o sucesso do meu período desopilativo e purificador fui-me re-introduzindo lenta e cautelosamente ao mundo animal até chegar a comer despudoramente uma linguiça, um fígado bovino ou mesmo um chouriço, sem me importar tanto com sua origem. Agora sinto que começa a emergir, não sei de onde, uma vontade de equilibrar novamente estas forças.
Este frango é fruto desta nova fase e por isso ele é caipira e orgânico. Se você não conhece a diferença fique certo que nunca levou um enganado para casa, você saberia no caixa! O kilo desta avezinha saudável custa em torno de R$ 19,00 e uma inteira chega a custar mais de R$ 40,00, uma verdadeira heresia para os menos conscientes e desavisados apreciadores de cortes nobres tradicionais.
Mas esse conceito da produção orgânica e do slow food, apesar do modismo atual, traz um resgate muito importante do ato de nutrir e é justamente aí que está o seu valor. Além disso, o aroma, o sabor e a textura são incomparáveis. Esse frango de receita meio inventada e meio copiada é um verdadeiro deleite! Hum, chego a salivar de tão saboroso, além disso, é "tão forte", como diriam os antigos, que reservo parte do seu caldo para mais duas refeições.
Faz toda a diferença também usar o milho de espiga além do visual delicado das flores que irão compor o prato. Para completar o cardápio deste almoço de domingo a moda mineira arroz branco, couve rasgada e angú de fubá. Estão servidos?
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