Domingo é um dia mágico misto de tédio e nostalgia. Na minha infância o som das corridas de fórmula 1 e todos reunidos em volta da mesa. Nesta época almoço de domingo significava macarronada e frango assado lentamente no forno de casa ou na calçada da padaria. Domingo também era dia de tomar refrigerante: 1 litro da coca-cola normal da garrafa de vidro dava para toda a família, época em que somávamos 2 adultos e 4 crianças.
Nos domingos de festa o cardápio era mais elaborado e recordo das carnes marinando de véspera e do seu cozimento lento aguçando nosso paladar durante toda a manhã quando finalmente iam para a mesa e eram reverenciadas por todos.
Minha mãe sempre foi exímia cozinheira e a ela dedico as melhores carnes assadas que já comi na minha vida, com destaque para as suas especialidades: cabrito, lombo, pernil, frango e peru de natal. A melhor feijoada, até hoje ainda não superada por nenhum buffet especializado. A melhor macarronada, a mais simples e mais saborosa do mundo. Ah, nesse prato ela dividia as honrarias com a minha avó paterna que também fazia uma deliciosa e com os mesmos atributos.
Minha mãe também é quitandeira de mão cheia. No currículo bolos, pães, roscas, biscoitos, queijadinhas, brevidades e uma infinidades de delícias que transformaram eu e minha irmã em adolescentes gordinhas e complexadas. Doceira então nem se fala! Fazia goiabada mole, goiabada de cortar, geléia de goiaba e goiabada em compota. Doce de laranja também era sua especialidade, as vezes deixava cristalizar e recheava com doce de leite que ela mesmo fazia. Doce de cidra, carambola seca,doce de banana, manga em compota...tudo que era fruta virava doce! Cocada, essa ela fazia para vender quando era solteira o que a ajudou a formar no curso normal. Cajuzinho, beijinho, delícia de nozes, olho de sogra, moranguinho, brigadeiro, palha italiana e todos os docinhos de festa da minha infância! Ainda tinha o pé-de moleque e a torta negra delícias inesquecíveis, depois vieram as tortas e pavês uma infinidade de receitas que infelizmente hoje não são frequentes ás mesas, já que a maioria das sobremesas do cardápio atual se resume a trufas, brownies, petit gateau e sofisticadas tortas gourmets! Que saudade do pavê de biscoito champanhe...
Fui criada no interior, no tempo em que todas as quitandas eram feitas em casa e a merenda escolar era um pedaço de bolo ou pão caseiro feito na hora para o café da manhã. Lá em casa até pizza, pão de forma, pão de sal, hamburguer, tudo ou praticamente tudo o que comíamos era feito em casa pelas mãos de fada da prendada Dona Cornélia, minha querida mãezinha.
Saí de casa para estudar aos 14 anos e até esta idade já tinha aprendido (na teoria pelo menos) todos os segredos desta cozinha maravilhosa. Ah, mas a prática revelaria muitas surpresas e muitos telefonemas de socorro com a panela já no fogo. Até hoje costumo me valer deste recurso muito útil e eficiente, apesar de contar cada vez mais com a ajuda, sempre a mão, das infalíveis dicas da internet.
Esta é sem dúvida minha influência culinária mais preciosa, adquirida em tenra e saudosa idade. Depois vieram muitas e muitas outras de origem e despertar mais curiosos e inusitados que contarei aos poucos a medida que for postando minhas sugestões de cardápio e de aventuras...
A proposta destes encontros não é fornecer receitas e sim, inspirar motivos para reunir pessoas queridas ao redor do fogão e, principalmente, da mesa. Então, que tal pararmos com esta conversa e nos aventurarmos nesta sugestão para o cardápio do nosso almoço de domingo?
Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee segundo comentárioooooooooooooooooooooooo!
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