domingo, 28 de novembro de 2010

Refrigerante da Casa


Sempre levei a sério o conceito de que beber muito líquido faz bem à saúde. Às vezes me distraio com as atividades do dia mas, pelo menos no quesito hidratacão, normalmente consigo manter a média de 2 litros diários preconizado nas velhas recomendações para uma vida saudável. A água sempre foi um líquido precioso para mim, que passei a dar ainda mais importância depois que estive um mês no Canadá. Não imaginava o que era ficar sem essa maravilhosa dádiva da água mineral de excelente qualidade que temos aqui no Brasil. A água purificada, que hoje também já encontramos por aqui, é praticamente a única que se encontra por lá e além do "sabor" estranho não mata a sede de verdade. Para sair do desespero recorríamos a marca francesa Perrier e  a italiana San Pellegrino, o que nos vez gastar praticamente mais com bebida do que com comida, mesmo sendo os preços destas marcas lá bem inferior ao praticados no Brasil. Também tomamos muuuuuuito refrigerante e chá Nestea (a embalagem que era usada na homestay dava para produzir 30 litros!). Fora isso tinhamos também acesso a água da torneira da pia, servida sem nenhuma filtragem adicional. Nós que já éramos adeptos da nossa  deliciosa água gaseificada natural São Lourenço, viramos fãs fiéis e incondicionais. 
Sucos naturais também sempre fizeram parte das minhas preferências e me dedido boa parte do meu tempo culinário na alquimia de misturar frutas, hortaliças, vegetais e ervas aromáticas. Sou frequentadora de casas de sucos e sempre experimento novidades para ampliar meu cardápio. Já tenho uma seleção razoável de cremes, smothies, frozens e sorbets capazes de agradar uma variedade enorme de paladares...Se bem que algumas combinações não foram muito bem aceitas em reuniões familiares e além de serem batizados de "sucos temperados" ainda viraram prenda de amigo oculto para quem errasse a adivinhação! Mas tudo bem não se pode agradar a todos. 
Minhas descobertas recentes são essas variedades utilizando água gaseificada que já aparecem em cardápios de cafés e bares normalmente vendidos como refrigerante da casa. Gostei particularmente da idéia, que experimentei no festival gastronômico de Tiradentes deste ano, onde foram utilizadas geléias especiais feitas sem adição de açúcar. Tomei uma feita com geléia de lavanda que estava divina. Como estou tendo dificuldades de encontrá-la aqui comecei a experimentar esta marca francesa Dalfour disponível em grande variedade de frutas e estou amando o resultado. O melhor de tudo é que o líquido gaseificado servido bem geladinho substitui perfeitamente o refrigerante com a vantagem de ter sabor mais sofisticado e não vir carregado de culpa.  Então, que tal dar esse toque mais saudável no seu almoço de domingo

domingo, 21 de novembro de 2010

Frango orgânico ao molho cremoso de milho e açafrão



Por alguns dos mais maravilhosos e saudáveis anos da minha vida fui vegetariana, apesar de tantas experiências carnívoras terem povoado a minha existência. Minha relação com a carne sempre foi bipolar alternando momentos de amor com profunda desconfiança. Nesta queda de braço pairam motivos nutricionais, religiosos, filosóficos e até questões de gosto mesmo. Após o sucesso do meu período desopilativo e purificador fui-me re-introduzindo lenta e cautelosamente ao mundo animal até chegar a comer despudoramente uma linguiça, um fígado bovino ou mesmo um chouriço, sem me importar tanto com sua origem. Agora sinto que começa a emergir, não sei de onde, uma vontade de equilibrar novamente estas forças. 
Este frango é fruto desta nova fase e por isso ele é caipira e orgânico. Se você não conhece a diferença fique certo que nunca levou um enganado para casa, você saberia no caixa! O kilo desta avezinha saudável custa em torno de R$ 19,00 e uma inteira chega a custar mais de R$ 40,00, uma verdadeira heresia para os menos conscientes e desavisados apreciadores de cortes nobres tradicionais.
Mas esse conceito da produção orgânica e do slow food, apesar do modismo atual, traz um resgate muito importante do ato de nutrir e é justamente aí que está o seu valor. Além disso, o aroma, o sabor e a textura são incomparáveis. Esse frango de receita meio inventada e meio copiada é um verdadeiro deleite! Hum, chego a salivar de tão saboroso, além disso, é "tão forte", como diriam os antigos, que reservo parte do seu caldo para mais duas refeições.
Faz toda a diferença também usar o milho de espiga além do visual delicado das flores que irão compor o prato. Para completar o cardápio deste almoço de domingo a moda mineira arroz branco, couve rasgada e angú de fubá. Estão servidos?

sábado, 13 de novembro de 2010

Alcachofra recheada







Vamos ao cardápio do dia, alcachofra recheada. Abram um parênteses para alcachofra no singular. É isso mesmo fiz uma só. Mas porque alcachofra? Essa realmente não tem nem a mais remota origem na minha infância. Até onde não estou sendo traída pela minha memória a primeira vez que despertei minha curiosidade sobre esse, digamos assim, vegetal foi há um tempão atrás, quando vi a Isabel do vôlei em uma reportagem na TV falando que ela gostava de ir a feira escolher alcachofras. Depois lembro vagamente de ouvir falar sobre corações de alcachofra.
Bem tenho que explicar esta santa ignorância, minha cidade natal tem em torno de 13 mil habitantes e está localizada no interior de Minas Gerais. Muita coisa perecível que não é produzido na região não chega até lá. Está certo que sai de casa com 14 anos, mas as descobertas além daquele mundinho foram acontecendo ao poucos. 
Sobre os corações de alcachofra cheguei a comprar um vidro de conserva, mas seu aspecto foi tão desencorajador que quando tive que me mudar acabei me desfazendo da aquisição antes mesmo de experimentar. Em outra ocasião uma amiga do trabalho que é paulista me disse que sua mãe fazia alcachofra com vinagrete. Acho que só paulista come alcachofra na infância!
Na minha última ida ao CEASA eu simplesmente olhei uma alcachofra e decidi que seria naquele domingo. Após todo o procedimento de lava e processa as aquisições do dia me sentei na frente do computador e comecei a pesquisar como resolver esta encrenca. Li diversas receitas, as mais escalafobéticas possíveis e haja azeite! Pelo menos uma coisa todas tinham em comum: era preciso quase meio vidro de azeite.  E eu com o meu preferido, um legítimo Esporão Seleção extra virgem, logo entendi porque era chique comer alcachofra!
Acabei não seguindo nenhuma a risca, nem colocando tantos ingredientes nem tanto azeite, resolvi fazer quase um vinagrete, com tomate, cebola e azeitona. Mas aprendi o essencial: que precisava tirar o talo e cozinhar com água pela metade por aproximadamente 40 minutos ou até puxar uma pétala e ela sair na mão. Li alguma coisa sobre tirar os pêlos, mas até aí não tinha entendido nada.
Tarefa cumprida e a alcachofra foi finalmente para a mesa. Foi aí que começamos a nos perguntar: e agora?!!! Meu cunhado paulistano disse que o amiguinho dele puxava as pétalas uma a uma e que na pontinha tinha uma “carninha”. Eu que já achava que era só criancinha paulistana que comia alcachofra agora tinha certeza! Bom, começamos a brincar de bem-me-quer, mal-me-quer com a dita cuja, porém sem muito sucesso no nosso almoço de domingo. Achei um gosto estranho que certamente não me levaria à feira novamente para adquirir esta iguaria.
Quando fui arrumar meu almoço para segunda, lembrei do coração da alcachofra e decidi fazer logo a cirurgia. Tirei as pétalas restantes uma a uma e foi aí que encontrei os tais pelinhos. Terminada a depilação encontrei enfim o coração, com direito a rima e tudo. Piquei bem picadinho e misturei no recheio que fui separando ao despetalar a coitada. O gosto surpreendeu pelo que eu tinha experimentado na véspera, mas até agora tenho dúvidas se um dia ainda vou salivar de vontade de comer alcachofra!


domingo, 7 de novembro de 2010

Salada Criativa

A estória desta salada pretensiosa é que fui participar de um almoço de domingo coletivo com alguns colegas de  trabalho e me incubi de fazer logo a salada! Vamos combinar que é realmente o prato mais fácil, o problema neste caso era a concorrência com os pratos principais, massas e carnes deliciosas! Por umas destas coincidências do destino me deparei com essas folhinhas aí nas minhas idas quinzenais ao CEASA, que acabaram salvando a minha estréia culinária neste grupo. Trata-se de uma novidade no mercado brasileiro que são as hortaliças jovens (mini-rúcula, mini agrião, mini mostarda, mini alface crespa e lisa e até mini folha de beterraba!). Estas que comprei são comercializadas como Baby Leaf e são colhidas quando apresentam seu nível mais alto de conteúdo nutricional, coloração, textura e sabor. Para caprichar ainda mais encontrei estas flores bem fresquinhas e incrementei com tomatinhos recheados com orégano fresco, criação e apresentação exclusiva minha.  Para finalizar, um tempero feito com azeite extra virgem, raspas de limão siciliano e sal com ervas aromáticas. Conclusão: o visual e o sabor convenceram o público e a  minha salada não passou despercebida ao lado dos maravilhosos pratos principais do dia!

Em “Quando Tudo Começou” contei uma história bem nostálgica, mas essa primeira sugestão da Salada Criativa não teve origem na infância, já que naquela época ainda não tinham “inventado” esses vegetais bebês. Mas a lembrança das hortaliças fresquinhas chegando da roça... e minha mãe reclamando que meu pai não devia comprar tanta coisa, que ela não podia escolher o que ela tinha que fazer e sim o que ia estragar primeiro... Hoje entendo bem minha mãe...e meu pai também! A diferença é que eu sou vítima de mim mesma.  É que quando vou ao CEASA não resisto àquelas folhinhas fresquinhas e vou pegando tudo o que vejo pela frente. Já em casa, lavando o tomilho, o hortelã, o alecrim, o alface, o agrião,  etc  me pergunto porque exagerei tanto e fico exausta até conseguir acabar com “toda essa trabalheira”. Hum, mas o cheiro bom que fica por toda a cozinha é a melhor parte e acabo achando que tanto esforço valeu a pena no final.
Ah, pensando bem, a preferência pelas babies folhinhas teve sim raiz na infância. Minha irmã mais velha só gostava das folhinhas verde clarinhas do miolinho da alface e com o tempo também aprendi que são as mais saborosas e macias. Recentemente li em uma revista sobre uma rede paulista de sanduíches onde o carro chefe é um sanduba que leva essas folhinhas do miolo da alface. Não é a toa que inventaram as babies hortaliças!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quando tudo começou

Domingo é um dia mágico misto de tédio e nostalgia. Na minha infância o som das corridas de fórmula 1 e todos reunidos em volta da mesa. Nesta época almoço de domingo significava macarronada e frango assado lentamente no forno de casa ou na calçada da padaria. Domingo também era dia de tomar refrigerante: 1 litro da coca-cola normal da garrafa de vidro dava para toda a família, época em que somávamos 2 adultos e 4 crianças.

Nos domingos de festa o cardápio era mais elaborado e recordo das carnes marinando de véspera e do seu cozimento lento aguçando nosso paladar durante toda a manhã quando finalmente iam para a mesa e eram reverenciadas por todos.

Minha mãe sempre foi exímia cozinheira e a ela dedico as melhores carnes assadas que já comi na minha vida, com destaque para as suas especialidades: cabrito, lombo, pernil, frango e peru de natal. A melhor feijoada, até hoje ainda não superada por nenhum buffet especializado. A melhor macarronada, a mais simples e mais saborosa do mundo. Ah, nesse prato ela dividia as honrarias com a minha avó paterna que também fazia uma deliciosa e com os mesmos atributos.

Minha mãe também é quitandeira de mão cheia. No currículo bolos, pães, roscas, biscoitos, queijadinhas, brevidades e uma infinidades de delícias que transformaram eu e minha irmã em adolescentes gordinhas e complexadas. Doceira então nem se fala! Fazia goiabada mole, goiabada de cortar, geléia de goiaba e goiabada em compota. Doce de laranja também era sua especialidade, as vezes deixava cristalizar e recheava com doce de leite que ela mesmo fazia. Doce de cidra, carambola seca,doce de banana, manga em compota...tudo que era fruta virava doce! Cocada, essa ela fazia para vender quando era solteira o que a  ajudou a formar no curso normal. Cajuzinho, beijinho, delícia de nozes, olho de sogra, moranguinho, brigadeiro, palha italiana e todos os docinhos de festa da minha infância! Ainda tinha o pé-de moleque e a torta negra delícias inesquecíveis, depois vieram as tortas e pavês uma infinidade de receitas que infelizmente hoje não são frequentes ás mesas, já que a maioria das sobremesas do cardápio atual se resume a trufas, brownies, petit gateau e sofisticadas tortas gourmets!  Que saudade do pavê de biscoito champanhe...

Fui criada no interior, no tempo em que todas as quitandas eram feitas em casa e a merenda escolar era um pedaço de bolo ou pão caseiro feito na hora para o café da manhã. Lá em casa até pizza, pão de forma, pão de sal, hamburguer, tudo ou praticamente tudo o que comíamos era feito em casa pelas mãos de fada da prendada Dona Cornélia, minha querida mãezinha.

Saí de casa para estudar aos 14 anos e até esta idade já tinha aprendido (na teoria pelo menos) todos os segredos desta cozinha maravilhosa. Ah, mas a prática revelaria muitas surpresas e muitos telefonemas de socorro com a panela já no fogo. Até hoje costumo me valer deste recurso muito útil e eficiente, apesar de contar cada vez mais com a ajuda, sempre a mão, das infalíveis dicas da internet.

Esta é sem dúvida minha influência culinária mais preciosa, adquirida em tenra e saudosa idade. Depois vieram muitas e muitas outras de origem e despertar mais curiosos e inusitados que contarei aos poucos a medida que for postando minhas sugestões de cardápio e de aventuras...

A proposta destes encontros não é fornecer receitas e sim, inspirar motivos para reunir pessoas queridas ao redor do fogão e, principalmente, da mesa. Então, que tal pararmos com esta conversa e nos aventurarmos nesta sugestão para o cardápio do nosso almoço de domingo?