domingo, 15 de maio de 2011

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Com o tempo, não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram:
 vamos ficando sozinhos uns dos outros. 

                                                                                                   Mário Quintana



O tempo nos deixa mais solitários, vamos ficando mais seletivos ao ponto de nos esquivarmos da convivência. Quando se é criança, estar junto é ter alguém com quem dividir as brincadeiras e as risadas. Adulto é mais complicado, tem que ter o que mostrar, não pode aparentar sinais do tempo, afinal podemos ser tachados de decadentes.


Aqueles primos que se amontoavam em uma casa de praia todo verão e se divertiam sem dificuldade hoje não se vêem mais. Cada um seguiu seu rumo (de sucesso) e daquela convivência gostosa só restou notícias esporádicas de suas conquistas mirabolantes. O ciclo se reinicia e me pergunto o que acontecerá com os primos desta nova geração que hoje se reúnem para comemorar os tão sonhados e mágicos aniversários das suas infâncias. Será que irão se mobilizar para estarem juntos nestas datas quando forem adultos, ou até um telefonema será algo remoto e sem sentido?...


O tempo afasta umas coisas e aproxima outras, mas tenho a impressão de que os encontros vão se tornando mais rasos e mais condicionados. Se a casa não está impecável os amigos não são convidados para não fracassar a performance de anfitriã(o) perfeita(o). Mas se a casa está impecável achamos melhor desfrutar deste estado de graça sozinhos ao invés de nos disponibilizarmos ao caos temporário da convivência. Afinal para que enfurecer o mar de tranquilidade e segurança de nossa zona de conforto estável?
A proposta desse almoço é resgatar os encontros despretensiosos e despidos de todo glamour. Cardápio simples: lagarto recheado, escondidinho de carne, acompanhados de arroz branco e vinagrete de rabanete. Comida gostosa, feita com amor para alimentar a alma. Estão servidos?

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