É bom começar me desculpando pela apresentação pouco cuidadosa do prato, mas resolvi fazê-lo em um dia que dispunha de pouco tempo justamente pela sua praticidade. Dessa forma, apesar de ter ficado uma delícia, não ficou nada fotogênico. Esse peixe a moda da casa foi elaborado inspirado em outros pratos que provei em momentos diferentes da minha vida.
Primeiro: a escolha do peixe. Eu e meu marido comemos na praia de Gamboa na Bahia uma moqueca de abadejo inesquecível. Ele não curte muito peixe por causa dos espinhos, então acabou adorando essa opção. O tiozinho da barraca era um amor e repetia inúmeras vezes que o preço dele era mais caro porque o peixe que ele utilizava era abadejo mesmo.
Segundo: a escolha dos ingredientes. Em outra ocasião comemos aqui em Brasília um prato típico do Mato Grosso chamado mojica de pintado que também apreciamos muito. O prato é basicamente um refogado do peixe com pedaços de mandioca cozida. Eu tenho um livro de culinária regional que tem a receita original. Como o peixe que ia fazer não era o pintado preferi reservá-la para outra ocasião, mas aproveitei que tinha mandioca cozida e acrescentei na minha moqueca. Usei ainda cebola roxa, alho, pimentões vermelho e amarelo, tomate cereja, azeite de dendê e leite de coco.
Para dar um toque especial acrescentei uma pitada de garam masala e temperei o peixe com um sal aromático que virou febre aqui em casa. Há algum tempo descobri um sal rosa que é extraído das rochas do Himalaya, de regiões onde há milhares de anos existiu mar. Fiquei fascinada com o produto mas o preço estava literalmente muito salgado aqui em Brasília. Em viagem a São Paulo descobri outras opções de sal como esse da foto que o Citrus Salt (A zest of lemon) da Smart Spice que é importado da África do Sul. Esse sal é moído na hora e vem aromatizado com raspas de laranja e de lima e sementes de funcho. É muito bacana para temperar salada, além do charme do ritual de moer o sal na hora, exala um aroma muito gostoso. Acabei encontrando o sal rosa por um preço mais acessível e comprei também só que ainda não utilizei. Tinha também disponível a flor do sal, que é a primeira extração da salina, ou seja, um sal mais puro que o sal tradicional.
Mas voltando a inspiração da moqueca...
Terceiro: o modo de fazer. Fiz da forma como lembrava que minha mãe fazia moqueca, mas como faz um tempão que vi ela fazendo acho que acabei não sendo fiel e inventando uma forma diferente, mas também não tem muito segredo não. O melhor de tudo é que o prato recebeu nota máxima do meu amor. Depois de muita insistência para saber se ele tinha certeza que era nota 10 ele acabou abaixando para 9,5 que, ainda sim, é uma nota para se comemorar. Apesar dele ser suspeito para falar achei que o feito era digno de nota! Para aqueles que não comem carne na sexta feira santa e pretendem ir para a cozinha está dada a dica.
E para alimentar a alma, toda a sensibilidade de Wagner Moura
recitando um texto de Clarice Lispector: é lindo d+!
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