domingo, 27 de fevereiro de 2011

É dia de feira






Não sei como começou essa paixão por feiras e mercados, só posso dizer que é antiga e tomou tanta força que já faz parte dos meu roteiros de viagens. O mais antigo que me recordo de frequentar é o Mercado Mascarenhas de Juiz de Fora, que é o mercado municipal da cidade instalado no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, uma complexo arquitetônico do início do século XIX que abrigou uma antiga indústria têxtil. Era programa semanal certo para eu e minhas irmãs no período que morávamos em JF.  Recordo dos biscoitos amanteigados vendidos a granel, dos doces, dos queijos temperados e das frutas fresquinhas.

Depois foi a vez do lendário Mercado Central de Belo Horizonte, fui frequentadora assídua nos 6 anos que morei na capital mineira. Cada local tem as suas tradições e o Mercado Central é famoso por seu fígado acebolado com jiló na chapa. Mas para mim sempre foi sinônimo de um bom café matinal  tomado ao pé do balcão  com direito a café expresso, pão de queijo, bolo de mandioca ou bolo de laranja e uma fatia farta de queijo minas frescal, tudo de primeira qualidade. Também gostava de experimentar, comprar e ouvir as histórias de um feirante que só trabalhava com laranjas e bananas que ele mesmo cultivava. Eram frutas bem miúdas, mas muito saborosas. Guardo saudosas lembranças da barraca desse tiozinho. Também ia para comer o abacaxi descascado, comprar ervas e temperos frescos e toda variedade de queijos mineiros.

Quando me mudei para Brasília fiquei uns quatro anos órfã desse hábito de frequentar feiras e mercados aos finais de semana até saber da existência do Ceasa. De lá, como já ficou evidente pelos posts anteriores,  gosto particularmente do Mercado Orgânico  que, infelizmente, tem a terrível limitação de só funcionar aos sábados e às quintas-feiras. Como a procura é sempre bem maior que a oferta por volta das 8:00 horas da manhã já não se encontra praticamente mais nada nas prateleiras. Aos sábados também funciona no Ceasa a feira de venda  a varejo direta ao consumidor de diversos produtos, mas  por só funcionar um único dia também fica muito cheia. A capital federal sem dúvida merece um mercado permanente que possa atender a todos de forma mais satisfatória.  

Em viagens curti muito conhecer o Mercado Ver-o-Peso de Belém riquíssimo em variedades e excelente para quem quer conhecer os produtos regionais como os peixes, as ervas, as castanhas, as frutas e os produtos da mandioca. Fora do Brasil conheci e gostei do Mercado Municipal de Cusco no Peru que impressiona pela variedade de cores das espécies de milho e outros vegetais regionais, mas sobretudo pelo contraste social e precariedade sanitária, também presentes no Ver-o-Peso. Em Toronto visitei  as feiras em Chinatown e o Mercado  St Lawrence http://www.stlawrencemarket.com/ onde conheci o delicioso hot dog canadense. Aliás foi no exatamente nessa viagem ao Canadá que iniciou o meu interesse em fazer registros fotográficos das refeições. Simplesmente fotografei tudo que comi nos 30 dias que passei lá e depois fiz uma seleção que rendeu um álbum de fotos exclusivo que denominei "Foods and Drinks". Irei postar as descobertas que fiz lá aos poucos assim que as histórias forem ressurgindo. Mas agora chega de papo furado e vamos aproveitar a inspiração do tema para curtir uma música de primeiríssima qualidade.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Abiu, sabores e saberes da infância




Mais do que seu gosto delicioso, suave e doce lembro que quando era criança gostava de comer abiu e ficar brincando com a cola que os frutos soltavam na boca quando não estavam muito maduros. Ficávamos brincando de soltar os lábios bem devagar e depois, para tirar o efeito da cola, lambuzávamos a boca de margarina como se estivéssemos passando batom (época que as meninas não usavam maquiagem indiscriminadamente como hoje, era coisa só para moças adultas).

Adoro me vangloriar das frutas exóticas que conheci na infância, principalmente daquelas que não eram vendidas nas quitandas e que só podiam ser encontradas nos quintais da região. Abiu é sem dúvida uma dessas lembranças especiais. Pesquisando agora descobri que é nativo da região amazônica no Brasil, onde pode ser encontrado na forma silvestre. Como foi parar na Zona da Mata Leste mineira não sei. O que posso dizer é que, apesar de não ser abundante por lá, os abieiros disponíveis na época deviam estar muito bem adaptados porque produziam frutos muito saborosos. 

Finalmente tive a felicidade de poder compartilhar esse precioso sabor da infância com meu marido. Encontrei esses abius aí da foto no Mercado Orgânico aqui de Brasília, mas não estavam a venda não. Um produtor tinha levado para oferecer aos clientes. Quando vi aqueles frutos, depois de tantos anos, fiquei tão emocionada que perguntei o que eram só para ter certeza. Uma senhora japonesa muito simpática me respondeu que era abiu e que eu  podia experimentar se quisesse. Fiquei tão sem reação na hora que nem consegui perguntar aonde eram produzidos e se seria possível conseguir mais. Peguei três unidades, coloquei em um saquinho plástico para não sujar a bolsa com a "cola" natural dos frutos. Cheguei em casa e comi o primeiro como num ritual. Meu marido experimentou o segundo e o terceiro eu fiquei namorando até ter coragem de acabar com o que era tão doce... Ah, mas as suas sementes, essas eu guardei para a posteridade.

Pelo menos nesse quesito devo discordar de Manuel Bandeira que "Não gosta de abiu nem de caqui, nem de melancia.", conforme descrito no “flash autobiográfico” do escritor que saiu nos "Arquivos Implacáveis”, criados pelo jornalista João Condé (1912-1996) em 1946.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Equilibrando os chakras

Creio que além dos alimentos que nos valemos para sustentar nosso corpo físico, trocamos uma série de energias bem mais sutis que também servem para alimentar a nossa alma. Então, me parece lógica a idéia de que se eu me preocupo com os alimentos que estou ingerindo, também devo cuidar das trocas enérgicas que acontecem comigo.

Posso afirmar que para mim a troca energética mais sutil e mais sublime ocorre através da oração. Mas hoje não tratarei desse assunto e sim de uma outra história. Há algum tempo estou incomodada com a minha falta de energia e o meu cansaço crônico. Um dia de trabalho me deixa extenuada e sem vontade de fazer nenhuma outra atividade se não me atirar no sofá. 

Por uma dessas "coincidências" do destino, precisei rever uma tia minha solteira muito metódica e sistemática. Minha tia sempre foi muito vaidosa e seus cuidados com a alimentação e com a pele sempre foram rigorosos. Lembro na infäncia ela usando o famoso creme POND's no rosto. Minha mãe sempre foi o oposto, detesta cremes e nunca ligou para esses cuidados, além de ter como agravante o fato de ser fumante inveterada desde a juventude. 

Eu sempre acreditei que tivesse pré-disposição genética a ter varizes, celulite e toda má sorte de problemas circulatórios, mas esse re-encontro com a minha tia está mudando a minha forma de encarar as coisas. Tenho dúvidas o que de fato deve ser atribuído a uma "herança indesejada" ou advém apenas de maus hábitos ou, como no meu caso, da relação inconstante com os hábitos saudáveis. 

O fato é que eu fui surpreendida pela cena de uma jovem vestida com um pijama enorme desses cumpridos e da alça larga para usar com sutiã (eu!) e uma senhora de 71 anos vestindo um baby dooll bem curtinho, alça fininha no estilo rainha do funk (minha tia!). Foi um choque. Eu arrasada  no sofá com meu pijamão e ela sentada, esguia e cheia de energia. Uma disposição de dar inveja! Eu já estava prestes a perguntar qual era afinal o seu segredo quando ela falou sobre uns tais exercícios que fazia todo dia pela manhã há 17 anos.

Ela falou por alto que eram apenas 5 exercícios que deviam ser repetidos 21 vezes cada um e fez para eu ver. Disse também que já teve um livro chamado "A Fonte da Juventude"  que ensinava esses exercícios. Não anotei, mas não esqueci esse nome. Cheguei em casa, pesquisei na internet e devorei tudo que encontrei sobre os 5 Ritos Tibetanos que incorporei na minha rotina há aproximadamente um mês e estou surpreendida com os resultados.

A chave dos 5 ritos é o equilíbrio dos chakras, nossos centros energéticos de força. Assim como o yôga, a medicina ayurvédica, a medicina chinesa e tantas outras técnicas que também trabalham essas energias.  Pesquisando mais sobre os chakras e vendo o espectro de suas cores tive um insigth  que são as mesmas do arco-íris!  A natureza é perfeita e estamos muito mais integrados ao universo do que imaginamos. É claro que muitas pessoas já haviam tido esse insigth antes e descobri que já inventaram até a dieta do arco-íris. Sem exageros, mas me pareceu fazer sentido buscar a cor do chakra no alimento quando quiser  energizá-lo. Para finalizar o pacote, respire bem fundo e deixe a energia vital do prana invadir a sua vida!


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Domingo é massa com pão de mandioquinha

Já nem sei mais precisar há quanto tempo planejo fazer pão de batata. Sinto uma saudade enorme daquele pão fofinho, quentinho que minha mãe fazia e que eu comia até passar mal! Minha mãe dizia que era por causa do fermento biológico, de fato quando exagerava na dose de outras massas como a rosca doce e a coroinha de rei também sofria do mesmo problema. Hoje creio mais que era gulodice mesmo ou até a atualmente conhecida e famigerada intolerância a lactose.
O fato é que minha mãe fazia muitas receitas de cabeça e como ela já não cozinha tanto mais, esqueceu algumas delas. Quando ela não tem a receita costuma falar que a que fazia era do livro da Dona Zizi, que até ganhei um de presente dela. Mas não me conformo, receita de família é receita de família. Nem que ela tivesse copiado do livro para o caderno, já seria a nossa receita!
Bom o fato é que todas as férias que passo na casa da minha mãe vou com o intuito de tentar de alguma forma resgatar essa receita, o que até agora foi em vão.
Mas esse final de semana estava escolhendo umas baroas (como conhecemos a mandioquinha na minha região) quando uma senhora falou que estava comprando para fazer pão e que ela utiliza a água do cozimento da baroa em substituição ao leite porque o neto dela tem alergia. Bingo! Eu também e foi assim que decidi estrear nas massas caseiras com o pão de mandioquinha isento de lactose. Dois coelhos em uma cajadada só!
A receita foi da internet, o problema é que não consegui mais o link. Então achei melhor anotar o que estou lembrando de cabeça.

600 g de mandioquinha;
200 mL da água de cozimento;
2 ovos;
1 colher de sopa de sal;
2 colheres de sopa de açucar;
1 colher de sopa de fermento biológico;
1 Kilo de farinha de trigo.
Bater rapidamente os 6 primeiros ingredientes no liquidificador, despejar sobre a farinha e misturar bem. Moldar os pães, esperar a massa crescer e assar.


Ainda não decidi se vou adotar essa receita como de família mas por ser a minha primeira ela tem lá o seu valor histórico para mim. E o resultado dessa estréia vocês conferem agora.



Mas domingo não é só cozinha não, é também diversão. Recentemente, adquirimos o hábito de ir ao cinema na hora do almoço aos finais de semana, além de ser mais barato é bem mais tranquilo. Um exemplo disso foi na estreia do  filme Tropa de Elite 2, nós assistimos no sábado praticamente sozinhos no cinema enquanto a maioria se acotovelava para ver nos horários tradicionais. Hoje foi a vez do filme Malu de Bicicleta de Flávio Ramos Tambelline (http://www.maludebicicleta.com.br/p/o-filme.html), inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. O filme é protagonizado por Marcelo Serrado (no papel do paulista Luiz Mário) e Fernanda Freitas (como a carioca Malu).